Professor da UFSC recebe prêmio da International Biogeography Society

25/04/2022 10:50

O professor Sérgio Ricardo Floeter, do Departamento de Ecologia e Zoologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), recebeu o prêmio Distinguished Fellow 2022, da International Biogeography Society (IBS). Os vencedores são escolhidos pela entidade com base em suas contribuições por meio da excelência em pesquisa básica e/ou serviço excepcional ao campo da biogeografia.

No caso de Floeter, a nomeação considerou sua pesquisa na biogeografia marinha e macroecologia, incluindo a evolução e estrutura trófica de peixes de recife, e suas muitas expedições de trabalho de campo interdisciplinares e análises de dados em larga escala que levaram a uma melhor compreensão de por que e quando as áreas de peixes endemismos do Oceano Atlântico tropical se formaram, como elas se relacionam e quais processos contribuíram para o enriquecimento dessa fauna.

“Estou muito feliz e honrado por ganhar esse prêmio internacional tão bacana. Agradeço imensamente a todos que participaram (e participam) dessa minha jornada na ciência. O prêmio é de todos nós do CCB/UFSC”, disse o professor Ricardo Floeter. A cerimônia de premiação do IBS Fellows 2022 faz parte da Roth Biennial Conference da International Biogeography Society, realizada de 2 a 6 de junho de 2022, em Vancouver, Canadá.

Mais informações em https://cvent.me/gRMYrN.

 

Matéria atualizada em 10 de junho de 2022 para incluir as fotos da premiação

Por: Notícias da UFSC

Estudo mostra polvos usando lixo como abrigo no fundo do oceano

18/04/2022 14:07

Latinhas, garrafas, potes, objetos plásticos diversos, e até bateria e vaso sanitário. Em todo o mundo, polvos estão usando lixo humano para se abrigar e para colocar ovos. É o que revela um estudo conduzido por um grupo que reúne pesquisadoras das universidades federais de Santa Catarina (UFSC), do Rio Grande (Furg) e de Pernambuco (UFPE) e da Università degli Studi di Napoli Federico II, na Itália.

A pesquisa, publicada na revista científica Marine Pollution Bulletin, avaliou 261 imagens subaquáticas tiradas em pelo menos 19 países entre 2003 e 2021. Vídeos e fotos coletados de redes sociais e de bancos de imagens foram somados a materiais fornecidos por cientistas e a outros recebidos por meio de campanhas internacionais promovidas pelas pesquisadoras, em uma abordagem de ciência cidadã. O objetivo era determinar como os polvos se relacionam com o lixo marinho e identificar espécies e regiões afetadas.

Foram detectados oito gêneros e 24 espécies de polvos que vivem perto do fundo do oceano interagindo com lixo. Na maior parte dos casos, utilizando-o como abrigo. A professora do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC Tatiana Silva Leite, coautora do estudo, explica por que isso ocorre: “O polvo perdeu a concha na evolução, então ele sempre está procurando um local para proteção. Espécies pequenas de polvos normalmente usam conchas, e as conchas estão desaparecendo, tanto por retirada quanto pela questão da acidificação dos oceanos”.

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Exposição em homenagem ao naturalista Fritz Müller na beira-mar de Florianópolis

04/04/2022 14:08

 

“História em cartazes” é parte da exposição sobre o naturalista Fritz Müller. Foto: Alberto Lindner

Ocorre até o dia 29 de maio, no trapiche da Avenida Beira-mar Norte, a exposição De Repente, Extraordinária!, evento que celebra o bicentenário do naturalista e biólogo Fritz Müller, que viveu em Santa Catarina durante 45 anos. Precursor da Ecologia e autor de mais de 250 trabalhos sobre a fauna e a flora catarinenses, Fritz Müller também se tornou conhecido como um dos principais colaboradores do britânico Charles Darwin, com quem se correspondeu por 17 anos.

Aos finais de semana, também acontece a (En)tenda, para visualizar e explorar detalhes de espécimes em microscópio e lupa, e o tour guiado: Quem mais vive aqui?, para descobrir mais sobre a vida de Fritz, as transformações na paisagem e algumas espécies com quem dividimos este espaço – as inscrições para o tour podem ser feitas no site da exposição ou pelo instagram.

De Repente, Extraordinária! conta com a participação dos professores Alberto Lindner, Guilherme Renzo Rocha Brito e Luiz Carlos de Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia.

Com informações de: site oficial da exposição De Repente, Extraordinária!

Estudo da UFSC aponta que eliminar pinus ajuda a recompor restinga na Lagoa da Conceição

07/03/2022 17:06

Espécies do gênero Pinus, popularmente conhecidas como pínus ou pinheiros-americanos, podem impactar negativamente plantas e animais nativos, alterar paisagens culturais, e reduzir a disponibilidade de recursos, como água e alimento, provocando impactos negativos também sobre o bem-estar humano. A eliminação dessas árvores chamadas de exóticas invasoras pode reduzir danos sobre plantas nativas e ajudar a recompor o funcionamento de sistemas naturais. Este foi um dos principais resultados encontrados em estudo realizado em áreas de restinga localizadas no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e recentemente publicado no periódico internacional Ecological Solutions and Evidence.

O artigo intitulado Efeito do tempo de invasão e de ações de controle em ecossistemas costeiros invadidos por pinheiros-americanos invasores é fruto do projeto de mestrado da gestora ambiental Letícia Mesacasa, pesquisadora no Programa de pós-graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas. O trabalho foi desenvolvido para avaliar qual o resultado de um programa de controle de pínus invasores, conduzido desde 2010, por meio de uma parceria entre o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e o Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação da UFSC.

“Aprendemos desde crianças que devemos plantar árvores. De fato, árvores têm papeis sociais e ambientais muito relevantes, ainda mais no cenário de crise climática que estamos vivendo. Mas esses benefícios podem ser comprometidos dependendo de quais árvores são plantadas e de onde são plantadas”, explica a professora Michele Dechoum, uma das autoras do estudo. “Algumas árvores que não são nativas podem provocar impactos negativos de grande magnitude sobre áreas naturais”, completa.

No estudo, os autores mostraram que em áreas invadidas por árvores de pínus, à medida que o tempo passa, plantas nativas que são adaptadas à muita luz vão sendo substituídas por plantas de outros ambientes e que são adaptadas à sombra. Nessas áreas invadidas, as plantas de menor porte praticamente desaparecem e ocorre uma descaracterização completa da flora nativa.

A pesquisa demonstra também que somente a eliminação dos pínus invasores não é suficiente para que todas as espécies nativas voltem a ocupar o espaço onde estavam antes dessas árvores invasoras chegarem. Uma consequência é que a diversidade de plantas hoje é menor em áreas onde os pinheiros invasores foram eliminados quando comparadas com áreas não invadidas. Dessa forma, segundo o estudo, é necessário plantar ou semear alguns arbustos para aumentar a diversidade de espécies nativas, como a aroeira-brava (Lithraea brasiliensis) e a caúna (Ilex dumosa).

Controle de invasores

Em mutirões de controle realizados mensalmente, pínus invasores são cortados e arrancados por voluntários que auxiliam no programa que conta com a participação da UFSC. Até o momento, quase 400 mil pínus foram eliminados e cerca de R$ 150 mil foram poupados dos cofres públicos na iniciativa de manejo comunitário. Caso o trabalho não tivesse sido iniciado em 2010, cerca de um terço de toda a área do Parque da Lagoa da Conceição estaria invadida por pínus em 2028, conforme apontado em outro estudo.

Espécies de pínus foram introduzidas em Florianópolis em 1963 para fins silviculturais, e disseminadas localmente na década de 1970. Além disso, plantios posteriores de pínus ocorreram para fins ornamentais e para a contenção de dunas em propriedades privadas existentes no entorno do Parque onde o estudo foi desenvolvido. “Muito possivelmente essas árvores plantadas tenham sido e ainda sejam as principais fontes de sementes que originaram as árvores que ocupam o interior do Parque, tendo em vista que as sementes leves de pínus podem ser levadas pelo vento a algumas dezenas ou, mais raramente, a centenas de metros de distância”, explica a professora.

O programa de controle de pínus e outras plantas exóticas invasoras em áreas costeiras continua em plena atividade. Com o apoio da European Outdoor Conservation Association (EOCA), o trabalho está sendo ampliado para novas áreas com os objetivos de restaurar ecossistemas costeiros e discutir junto à população local a relevância desses ecossistemas frente a eventos climáticos extremos. “Novas parcerias também estão sendo firmadas, incluindo tanto associações e moradores locais quanto o poder público municipal, no sentido de plantar e semear as plantas nativas que devem voltar a ter seu espaço nessas áreas com grande relevância biológica e cultural para a sociedade”, indica.

Por: Notícias da UFSC.