Estudo da UFSC aponta que eliminar pinus ajuda a recompor restinga na Lagoa da Conceição

07/03/2022 17:06

Espécies do gênero Pinus, popularmente conhecidas como pínus ou pinheiros-americanos, podem impactar negativamente plantas e animais nativos, alterar paisagens culturais, e reduzir a disponibilidade de recursos, como água e alimento, provocando impactos negativos também sobre o bem-estar humano. A eliminação dessas árvores chamadas de exóticas invasoras pode reduzir danos sobre plantas nativas e ajudar a recompor o funcionamento de sistemas naturais. Este foi um dos principais resultados encontrados em estudo realizado em áreas de restinga localizadas no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e recentemente publicado no periódico internacional Ecological Solutions and Evidence.

O artigo intitulado Efeito do tempo de invasão e de ações de controle em ecossistemas costeiros invadidos por pinheiros-americanos invasores é fruto do projeto de mestrado da gestora ambiental Letícia Mesacasa, pesquisadora no Programa de pós-graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas. O trabalho foi desenvolvido para avaliar qual o resultado de um programa de controle de pínus invasores, conduzido desde 2010, por meio de uma parceria entre o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e o Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação da UFSC.

“Aprendemos desde crianças que devemos plantar árvores. De fato, árvores têm papeis sociais e ambientais muito relevantes, ainda mais no cenário de crise climática que estamos vivendo. Mas esses benefícios podem ser comprometidos dependendo de quais árvores são plantadas e de onde são plantadas”, explica a professora Michele Dechoum, uma das autoras do estudo. “Algumas árvores que não são nativas podem provocar impactos negativos de grande magnitude sobre áreas naturais”, completa.

No estudo, os autores mostraram que em áreas invadidas por árvores de pínus, à medida que o tempo passa, plantas nativas que são adaptadas à muita luz vão sendo substituídas por plantas de outros ambientes e que são adaptadas à sombra. Nessas áreas invadidas, as plantas de menor porte praticamente desaparecem e ocorre uma descaracterização completa da flora nativa.

A pesquisa demonstra também que somente a eliminação dos pínus invasores não é suficiente para que todas as espécies nativas voltem a ocupar o espaço onde estavam antes dessas árvores invasoras chegarem. Uma consequência é que a diversidade de plantas hoje é menor em áreas onde os pinheiros invasores foram eliminados quando comparadas com áreas não invadidas. Dessa forma, segundo o estudo, é necessário plantar ou semear alguns arbustos para aumentar a diversidade de espécies nativas, como a aroeira-brava (Lithraea brasiliensis) e a caúna (Ilex dumosa).

Controle de invasores

Em mutirões de controle realizados mensalmente, pínus invasores são cortados e arrancados por voluntários que auxiliam no programa que conta com a participação da UFSC. Até o momento, quase 400 mil pínus foram eliminados e cerca de R$ 150 mil foram poupados dos cofres públicos na iniciativa de manejo comunitário. Caso o trabalho não tivesse sido iniciado em 2010, cerca de um terço de toda a área do Parque da Lagoa da Conceição estaria invadida por pínus em 2028, conforme apontado em outro estudo.

Espécies de pínus foram introduzidas em Florianópolis em 1963 para fins silviculturais, e disseminadas localmente na década de 1970. Além disso, plantios posteriores de pínus ocorreram para fins ornamentais e para a contenção de dunas em propriedades privadas existentes no entorno do Parque onde o estudo foi desenvolvido. “Muito possivelmente essas árvores plantadas tenham sido e ainda sejam as principais fontes de sementes que originaram as árvores que ocupam o interior do Parque, tendo em vista que as sementes leves de pínus podem ser levadas pelo vento a algumas dezenas ou, mais raramente, a centenas de metros de distância”, explica a professora.

O programa de controle de pínus e outras plantas exóticas invasoras em áreas costeiras continua em plena atividade. Com o apoio da European Outdoor Conservation Association (EOCA), o trabalho está sendo ampliado para novas áreas com os objetivos de restaurar ecossistemas costeiros e discutir junto à população local a relevância desses ecossistemas frente a eventos climáticos extremos. “Novas parcerias também estão sendo firmadas, incluindo tanto associações e moradores locais quanto o poder público municipal, no sentido de plantar e semear as plantas nativas que devem voltar a ter seu espaço nessas áreas com grande relevância biológica e cultural para a sociedade”, indica.

Por: Notícias da UFSC.

Série Jovens Pesquisadores da Pró-Reitoria de Pesquisa da UFSC apresenta projeto do ECZ

04/03/2022 10:36

A série “Jovens Pesquisadores”, realizada pela Pró-reitoria de Pesquisa da UFSC, tem como objetivo apresentar os projetos aprovados pelo edital “Programa Fapesc de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação para Jovens Pesquisadores do Estado de Santa Catarina”.

O projeto “Impactos do fogo e das cinzas sobre a biodiversidade na água doce: respostas dos peixes, anfíbios, microinvertebrados e macrófitas ao distúrbio”, coordenado pelo professor Bruno Renaly Souza Figueiredo, do Departamento  Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina, foi contemplado pelo edital 27/2021 da Fapesc. O Programa Fapesc de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação para Jovens Pesquisadores do Estado de Santa Catarina – Programa Fapesc Jovens Projetos – SC busca apoiar no crescimento do ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), auxiliando na instalação de jovens pesquisadores nas suas áreas, permitindo o desenvolvimento econômico sustentável do estado e o aumento de qualidade de vida dos catarinenses.

A pesquisa tem como objetivo entender o impacto do fogo e a toxicidade das cinzas geradas por incêndios sobre a sobrevivência e desenvolvimento de espécies aquáticas em rios e riachos do entorno da área queimada. Avaliando a por meio de estudos experimentais o grau de ameaça à biodiversidade nos ambientes aquáticos de Santa Catarina.

O projeto surgiu da necessidade e preocupação em relação ao aumento nos registros de ocorrências de incêndios florestais. Segundo o professor Bruno, “estudar a resposta da biota aquática à chegada de contaminantes na água é extremamente relevante, pois tais contaminantes além de ameaçar a conservação da biodiversidade e perturbar o equilíbrio ecossistêmico, também podem representar um risco à saúde humana, visto que organismos vivos vivendo em águas poluídas acumulam substâncias tóxicas com potencial mutagênico e cancerígeno no seu corpo”, afirma.

Para Figueiredo, os resultados deste estudo revelará o impacto do fogo e das cinzas sobre os organismos aquáticos. Sendo essa informação a base para proposição de políticas públicas que busquem conter o uso do fogo para supressão vegetal e também promoverá a educação ambiental para a sociedade “os resultados obtidos serão divulgados em uma linguagem simplificada para o público escolar e não-especialistas por meio de múltiplas ações: postagens em redes sociais, divulgação de vídeos e podcasts sobre a pesquisa nos canais de publicação do Projeto Sporum (vertente de divulgação científica do PET Biologia – UFSC)”.

O edital Fapesc permitirá o fortalecimento e crescimento do grupo de pesquisa em biodiversidade aquática da UFSC, pois possibilitará a aquisição de infraestrutura de pesquisa na universidade e também dará oportunidade de formação de novos cientistas para se especializarem na conversação de biodiversidade de água doce. O professor afirma que além de permitir o desenvolvimento do projeto, o apoio da Fapesc por esse edital facilitará a execução de futuras pesquisas desenvolvidas pelo grupo.

Para mais informações sobre o projeto, clique aqui.

 

Escrito por: Giovanna Kila (publicação original aqui)
Bolsista de jornalismo da Pró-reitoria de Pesquisa – UFSC

04/03/2022 10:17

Bem-vindo ao site do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina!

Para falar com um setor específico do ECZ, consulte os menus laterais.

03/03/2022 17:00