Pesquisadoras da UFSC apresentam estudos sobre degradação da Lagoa da Conceição em audiência
Pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apresentaram dados de pesquisa e propostas para a situação ambiental da Bacia Hidrográfica da Lagoa da Conceição, em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), nesta segunda-feira, 31 de março, em Florianópolis. O evento foi proposto pelo deputado estadual Marquito (PSOL), que preside a Comissão de Meio Ambiente, e teve como objetivo buscar soluções para os danos causados pelo rompimento do reservatório da estação de tratamento de esgoto da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), ocorrido em janeiro de 2021.
A bacia hidrográfica é composta por ambientes aquáticos, unidades de conservação e o Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. Além das professoras da UFSC, a saúde deste ecossistema integrado foi debatida por ambientalistas, lideranças regionais, agentes políticos e representantes do Ministério Público Federal.
A fala de abertura da audiência foi realizada pela professora Michele de Sá Dechoum, do Departamento de Ecologia e Zoologia, que apresentou o estudo Quais os efeitos do lançamento da lagoa de evapoinfiltração sobre a vegetação da restinga no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição?. A pesquisa, que integra o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Thiago Lorencetti Ehlert, realizou uma comparação entre as áreas “natural”, que não foi afetada pelos efluentes de esgoto contaminantes, e “artificial”, que sofreu impactos.
O estudo avaliou as espécies presentes na área afetada, a cobertura vegetal, o soterramento da vegetação e o estado das plantas amostradas, e concluiu que, entre os danos causados pela contaminação, estão o crescente soterramento da vegetação na área artificial com o passar do tempo, inclusive em estações com menos chuva; o aumento da porcentagem de plantas secas em relação à vegetação verde, que é menor na área artificial do que na natural em todas as estações; a redução na riqueza de espécies de plantas nativas na área artificial; e o surgimento de plantas características de áreas degradadas, com alta concentração de nitrogênio e fósforo.
“A gente perdeu diversidade biológica nessa área. A riqueza de plantas, ou seja, o número de espécies de plantas na área artificial foi diminuindo à medida que o tempo foi passando. Na área natural, ela praticamente ficou estável. Quando a gente perde plantas, perdemos potencialmente animais, perdemos biodiversidade”, afirmou Michele. Segundo a professora, os resultados alertam para a necessidade imediata de implementação de um projeto de restauração ecológica na área artificial, com um monitoramento de regeneração.
“Esses ecossistemas estão conectados. O que acontece na água tem um efeito na terra, e vice-versa. Além de ser fundamental que esse impacto seja parado nesse momento, [é fundamental] que essa área seja restaurada”, pontuou.