Projeto AtlantECO organiza pesquisa global em 21 de setembro e promove a Cultura Oceânica

21/09/2022 08:35

O projeto internacional de pesquisa e extensão AtlantECO, vinculado ao Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC organiza, na quarta-feira, 21 de setembro, uma atividade do Ocean Sampling Day (OSD), campanha científica global com o objetivo de analisar a biodiversidade e a função microbiana marinha. Nesse dia, a equipe do Projeto AtlantECO, bem como outros pesquisadores da UFSC vinculados à Chamada Blue Growth, realizam amostragens na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, em Santa Catarina.

O OSD visa gerar o maior conjunto de dados microbianos padronizados em um único dia em diversas regiões do mundo. Durante todo o dia, pesquisadores estarão recolhendo amostras de águas da zona costeira e esta será a primeira vez em que a atividade ocorre na região do Atlântico Sul. A iniciativa já existe, desde 2014, em todos os oceanos, com exceção da costa brasileira e africana.

O AtlantECO organiza a atividade em 2022 e nos próximos dois anos, em parceria com o European Marine Biological Resource Center (EMBRC). O AtlantECO é um projeto desenvolvido em parceria com 36 instituições de 11 países da Europa, Brasil e África do Sul, que tem por finalidade a pesquisa sobre o microbioma do Atlântico, os impactos das mudanças climáticas e da poluição no oceano.

Cultura Oceânica: Port Call em Paranaguá

Foto: Divulgação/AtlantECO

O Projeto AtlantECO esteve, entre os dias 27 e junho e 3 de julho em Paranaguá, Paraná, para um evento de extensão com o objetivo de promoção da Cultura Oceânica, com o envolvimento de universidades, escolas e população da cidade. A equipe do projeto navegou de Itajaí até Paranaguá a bordo do Veleiro ECO e conduziu as atividades no Centro Histórico de Paranaguá, com exposições montadas no Palacete Mathias Bohn e a bordo do veleiro, que ficou atracado na Capitania dos Portos.

“Foi um evento lindo, com muitas pessoas envolvidas, no qual a divulgação científica foi muito bem feita, exaltando a Década do Oceano e uma maior interação entre as pesquisas acadêmicas de ponta  e a sociedade de forma geral” salienta a professora Andrea Santarosa Freire, coordenadora do Projeto AtlantECO.

“A presença do veleiro trouxe bastante curiosidade da população” explica a pesquisadora do projeto, Andréa Green Koettker, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSC. O objetivo, conforme explica Andréa, foi associar a atividade de pesquisa do AtlantECO às atividades de extensão, como a divulgação científica e educação ambiental.

Foto: Divulgação/AtlantECO

Durante todos os dias do evento, cerca de 600 pessoas visitaram o Veleiro ECO e as exposições, incluindo 13 escolas públicas da região, alunos e profissionais da UNESPAR, IFPR e CEM (UFPR) e moradores locais. A bordo do Veleiro ECO, os visitantes conheceram o convés e particularidades da navegação, e os equipamentos de pesquisa do Projeto AtlantECO.

No Palacete Mathias Bohn, havia uma série de painéis e exposições sobre o microbioma e poluição marinha. O plâncton foi coletado diariamente no Rio Itiberê para ser visualizado em um microscópio simples e eficiente, o Curiosity. “A imagem dos seres vivos diminutos projetada no telão causava muita emoção e alegria, principalmente nas crianças que entravam em contato pela primeira vez com o mundo invisível do Microbioma Marinho”, explica a pós-doutoranda Andréa Green.

O evento Port Call teve início em 29 de junho e foi encerrado em 2 de julho, com a equipe do AtlantECO, professores e voluntários da UNESPAR/Paranaguá recebendo escolas da região, professores e alunos da UNESPAR, IFPR e CEM (UFPR), além da população em geral. Houve visitas agendadas e atividades abertas ao público, como o ciclo de palestras “Encontro Saberes do Mar”, que discutiu a poluição por plástico e pesquisas realizadas no estuário da Baia de Paranaguá. Outra atividade, a Roda de Conversa “A Comunidade Ativa e o Mar”, colocou lideranças caiçaras locais, gestores públicos, profissionais de saúde, pesquisadores e o público em um debate sobre o uso e recursos dos ambientes marinhos.

Professora Andrea Santarrosa Freire (Foto: Divulgação/AtlantECO)

A atividade foi possível graças à parceria da UFSC, por meio da professora Andrea Santarosa Freire e a pós-doutoranda Andréa Green Koettker, com a Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR/Campus Paranaguá), por meio das professoras Yara Tavares, do curso de Ciências Biológicas, e Érica Cintra, do curso de Pedagogia e coordenadora do Centro Cultural Palacete Mathias Bohn (UNESPAR/Universidade Sem Fronteiras).

A UNESPAR promoveu, antes do início do evento oficial, um curso de capacitação para 45 estudantes dos cursos de Biologia e Pedagogia, para que pudessem compreender o contexto das pesquisas do AtlantECO e se preparar para o atendimento ao público.

A última visita, da Escola Bilíngue Nydia Moreira Garcez foi especialmente emocionante, segundo Andréa Green, por contar com crianças de diferentes faixas etárias, professores, a diretora e uma tradutora de LIBRAS. Pela primeira vez, desde que o Veleiro ECO havia atracado na Capitania dos Portos, o motor foi ligado, para que os estudantes surdos pudessem sentir a vibração a bordo.

“Por intermédio dos Oficiais da Marinha, os Escoteiros do Mar de Paranaguá e de Antonina também conheceram o Veleiro ECO, permanecendo por cerca de duas horas. Houve uma troca muito interessante de saberes e experiências entre os pequenos velejadores e amantes do mar e os pesquisadores e a tripulação”, salientou a pesquisadora Andréa.

Foto: Divulgação/AtlantECO

O AtlantECO estuda o microbioma marinho, a poluição por microplásticos e a plastisfera, ou seja, a interação do plástico com os seres microscópicos que vivem na água, conhecidos como plâncton. A poluição por plásticos é um dos grandes desafios à saúde dos mares durante a Década dos Oceanos, instituída pela ONU entre 2021-2030.

A equipe do Projeto AtlantECO é composta por nove alunos de graduação e pós-graduação da UFSC, pesquisadores e tripulantes. “A equipe permaneceu embarcada durante dez dias no Veleiro ECO, com uma convivência tranquila e harmoniosa apesar da grande carga horária envolvida na organização e execução do evento. Independentemente da posição no projeto, seja de coordenação, tripulação ou bolsista de Iniciação Científica, todos tinham suas tarefas a bordo do Veleiro, incluindo lavar, secar e guardar as louças após as refeições, limpeza dos banheiros e limpeza geral da embarcação” salientou a coordenadora Andrea Santarosa Freire.

Todos tiveram também a oportunidade de aprender princípios básicos de navegação e marinharia. A estudante Mariana Silva Corrêa, do curso de Ciências Biológicas da UFSC e bolsista de iniciação científica pelo AtlantECO, salienta que o evento “além de cumprir o seu objetivo principal de divulgação científica, possibilitou a troca de conhecimentos entre os colaboradores do evento em diferentes momentos, como nas exibições, no ciclo de palestras, na roda de conversa, e até mesmo nos bastidores da organização. Apesar do grande número de pessoas envolvidas para essa realização, e em diferentes contextos, todos pareciam ter em comum a adoração pelo mar e o desejo de protegê-lo. Nos despedimos não só da cidade, mas dos amigos que fizemos, e levamos para casa, além dos aprendizados, a saudade por essas pessoas incríveis e por uma cidade rica em história, cultura e natureza, que é Paranaguá”.

Foto: Divulgação/AtlantECO

“A equipe da UFSC recebeu diversos convites para retornar a Paranaguá – “o grande mar redondo”, em tupi guarani, e atuar em Antonina em atividades de pesquisa e extensão, divulgando a importância da Amazônia Azul, estampada na capa da vela principal do Veleiro ECO, e assim atender a um dos desafios da Década dos Oceanos, de mudar a relação da humanidade com o oceano”, disse a coordenadora do Projeto na UFSC, Andrea Freire.

Assista ao vídeo com imagens do evento em Paranaguá
com informações de Andréa Green Koettker, integrante do Projeto AtlantECO

Por: Notícias da UFSC