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Estudo da UFSC avalia impactos negativos provocados por amendoeiras sobre vegetação de restinga
Publicado em 12/07/2022 às 12:10Em recente estudo realizado em áreas de restinga no sul do Brasil, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina mostraram que a árvore invasora Terminalia catappa – a amendoeira – pode alterar as condições do ambiente de tal forma que algumas plantas nativas deixam de ocorrer onde ela está presente, o que também altera associações entre plantas nativas. À medida que o tempo passa e que mais árvores de amendoeira crescem e ficam com as copas mais amplas, a tendência é que a vegetação nativa da restinga, dominada por plantas de baixo porte e que precisam de luz, seja substituída por árvores e trepadeiras que toleram sombra.
O artigo, intitulado Efeitos diretos e indiretos de uma árvore exótica invasora em comunidades vegetais costeiras, foi liderado por Brisa Marciniak de Souza, Leonardo Leite Ferraz de Campos e Lucas Peixoto Machado, pós graduandos do Programa de pós-graduação em Ecologia. O trabalho foi desenvolvido em uma parceria entre o Laboratório de Ecologia de Invasões Biológicas, Manejo e Conservação (Leimac) e o Group for Interdisciplinary Environmental Studies, ambos da UFSC.
Segundo o estudo, a completa mudança na alteração da vegetação pode comprometer a resiliência desses ecossistemas e o papel que exerce frente a eventos climáticos extremos. A vegetação rasteira existente nas dunas que ficam próximas à praia são uma barreira de proteção importante, responsáveis por proteger casas e outras estruturas existentes em regiões costeiras. “Se essas plantas rasteiras são substituídas por árvores invasoras e outras plantas de maior porte, podemos estar perdendo justamente a vegetação que garante proteção contra erosão no caso de ressacas e marés altas atípicas, eventos que têm sido caso vez mais frequentes”, explica a professora Michele de Sá Dechoum, uma das autoras do estudo.
Com muitos nomes populares no Brasil, que variam entre amendoeira, castanheira, chapéu-de-sol, sete-copas, dentre outros, a Terminalia cattapa é uma árvore nativa da região costeiras na Malásia. Registros históricos contam que a espécie foi introduzida acidentalmente no Brasil, mas, posteriormente, novas introduções intencionais ocorreram para uso da árvore para sombra e para uso ornamental. Atualmente a espécie invade áreas de restinga, manguezal e outros ecossistemas costeiros ao longo de toda a costa brasileira.
No estudo, os pesquisadores compararam áreas sob a copa de indivíduos adultos de amendoeira com áreas onde a amendoeira não está presente. Tanto as plantas nativas quanto condições ambientais locais foram avaliadas em cada uma das áreas. O estudo foi realizado em uma área de restinga localizada na Estação Ecológica de Carijós, unidade de conservação localizada na porção noroeste de Florianópolis.
“A situação é bastante preocupante, considerando um estudo preliminar realizado pelo Leimac que mostrou que a amendoeira vai ser beneficiada com o aumento de temperatura, o que levará à intensificação dos efeitos da invasão biológica a longo prazo”, contextualiza a professora. Neste sentido, ações de eliminação de indivíduos da espécie são necessárias, especialmente em áreas destinadas à conservação. Destaca-se ainda a necessidade de informação pública sobre a problemática e a recomendação de substituição dessas árvores por plantas nativas da região.
Por: Notícias da UFSC
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Pesquisa com participação da UFSC lança raio-x da ciência e conservação de campos e savanas brasileiros
Publicado em 24/06/2022 às 09:31Os ecossistemas abertos – como campos sulinos, campos de altitude, cerrado, dunas e restingas – correspondem a 27% da vegetação natural do Brasil, mas sua conservação é negligenciada. Isso é o que aponta o recém publicado artigo Placing Brazil’s grasslands and savannas on the map of science and conservation, fruto do estudo de um grupo de pesquisadores, entre eles a professora da UFSC Michele de Sá Dechoum, do departamento de Ecologia e Zoologia. O trabalho integra a nova edição da revista Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics.
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Biodiversidade catarinense: é possível equilibrar a utilização dos recursos naturais e a preservação da natureza?
Publicado em 30/05/2022 às 09:27Para ler a reportagem especial em formato multimídia, clique aqui.
A biodiversidade ou diversidade biológica está relacionada às riquezas naturais. No estado de Santa Catarina, ela está ameaçada pela destruição de habitats, sobre exploração dos recursos naturais, invasão por espécies exóticas, além das mudanças no clima. Em meio a um cenário de perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, formas de preservação e mitigação de danos aos ecossistemas tornaram-se uma necessidade. Animais, plantas, fungos e microrganismos fornecem alimentos, medicamentos e subsídios indispensáveis para a sobrevivência da humanidade.
Diante desse cenário, as pesquisas científicas têm papel crucial. O Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) – Biodiversidade de Santa Catarina liderado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) faz parte de uma rede nacional de pesquisas e é apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Atualmente, o projeto “Biodiversidade de Santa Catarina: Investigando a ecologia histórica e os efeitos de manejo para restauração e conservação da Mata Atlântica do Sul do Brasil”, coordenado pelo professor Selvino Neckel de Oliveira, busca entender os efeitos de distúrbios na biodiversidade e encontrar formas de mediar e equilibrar o uso dos recursos naturais aliado à conservação da natureza.
Continue a leitura » »Por: Notícias da UFSC
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Exposição e tour guiado apresentam vida e pesquisas de Fritz Müller na Av. Beira-Mar
Publicado em 23/05/2022 às 13:05Interessados em ciência, história, biologia e evolução têm até 29 de maio para visitar a exposição De repente extraordinária!, sobre o naturalista Fritz Müller, no trapiche da Avenida Beira-Mar Norte. Aos sábados e domingos, das 10h às 17h, professores e alunos da UFSC guiam os visitantes por um canteiro com plantas estudadas pelo cientista, como a embaúba, orquídeas e bromélias. Em uma tenda, ficam dispostas plantas, abelhas e outros organismos investigados por Müller, incluindo modelos de larvas e insetos. O público também tem a oportunidade observar um pequeno crustáceo, Elpidium bromeliarum, no microscópio. Além disso, diariamente, cartazes apresentam aspectos da vida e da obra de Fritz Müller e de sua amizade com Charles Darwin.
Outra atividade desenvolvida pela equipe da UFSC é um tour científico com cerca de 1h30 de duração. No passeio, é visitada a Praia de Fora, uma faixa de areia próxima ao trapiche da Beira-Mar. Foi lá que Fritz Müller realizou suas pesquisas com animais marinhos no Brasil, citadas por Charles Darwin no livro A origem das espécies a partir da quarta edição da obra. São apresentadas, ainda, plantas que vivem hoje na região e curiosidades e informações sobre a história e a vida de Fritz Müller. Os tours acontecem aos sábados e domingos, às 15h, e os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente.
Com curadoria de Paula Gargioni e produção de Glória Weissheimer, a mostra é uma iniciativa do grupo Desterro Fritz Müller 200 anos, em comemoração aos 200 anos de nascimento do naturalista. De 1856 a 1867, o pesquisador viveu em Florianópolis, na Praia de Fora, onde hoje fica a Avenida Beira-Mar Norte. Ali, realizou pesquisas pioneiras em Ecologia, Evolução e Biologia Marinha no Brasil.
Mais informações no Instagram (@fritzmuller200anos) e no site derepenteextraordinaria.com.br, onde também é possível apreciar sons da Mata Atlântica, cedidos pelo Laboratório de Ornitologia e Bioacústica Catarinense (Laboac) da UFSC.
Por: Notícias da UFSC
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Laboratório da UFSC disponibiliza gratuitamente guia dos répteis da Ilha de Santa Catarina
Publicado em 16/05/2022 às 11:48O Laboratório de Ecologia de Anfíbios e Répteis da UFSC desenvolveu e disponibilizou gratuitamente para download o Guia dos Répteis da Ilha de Santa Catarina, um cartaz contendo fotos e os nomes de todos os répteis que ocorrem em Florianópolis. No documento fotográfico é possível visualizar as 43 espécies de lagartos, serpentes, anfisbaenias e tartarugas registradas na região insular do município. Além do nome científico, há o nome popular, o status de conservação e, para as serpentes, informações sobre riscos de acidente.
No guia, é possível ver, por exemplo, que espécies como a tartaruga-de-pente e a tartaruga-de-couro são consideradas criticamente em perigo pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Ainda, é possível verificar três espécies peçonhentas de serpentes, que são perigosas e podem causar acidentes: a coral, a jararaca e a jararacuçu. Répteis maiores, como o jacaré de papo-amarelo também aparecem no guia.
De acordo com Pedro Lobato Indalêncio, um dos autores do guia, o trabalho não é periódico, mas é o segundo guia que o laboratório produziu. O primeiro guia foi sobre os Anfíbios da Ilha. “Esse guia fala apenas sobre répteis, mas dentro desse grupo podemos encontrar uma diversidade de animais. Em Florianópolis existem: tartarugas-marinhas, cágados, jacarés, lagartos, serpentes e anfisbenas”, explica. Ainda segundo ele, a lista foi elaborada a partir dos registros da Coleção Herpetológica da UFSC dos animais coletados em Florianópolis, ao longo do tempo.
“Esse é um guia com imagens de diversas espécies de répteis e seu estado de conservação, ele é de fácil leitura e acessível para todos. Ele pode ser utilizado por guias turísticos em passeios, por professores em suas aulas, por qualquer pessoa que queira ilustrar de forma prática a biodiversidade de répteis que temos em Florianópolis, além de mostrar quais as mais ameaçadas”, aponta Pedro. As fotos foram tiradas por diferentes pesquisadores do país, que concordaram em contribuir com suas fotos para compor o guia.
O pesquisador comenta que alguns dados chamam atenção no guia. Um deles é o estado de conservação de algumas espécies terrestres, como a Mussurana e a Lagartixa- da-areia. “Ambas as espécies estão ameaçadas de alguma forma, um fato preocupante que está relacionado ao crescimento das áreas urbanas, além da ocupação e destruição do habitat desses animais”, pontua. “Outro dado que chamou atenção, com relação às serpentes, é o fato de que mesmo serpentes não peçonhentas podem causar acidentes, ou seja, para evitar qualquer tipo de acidente é importante que as pessoas evitem chegar perto e estressar esses animais, mesmo que não possuam veneno”.
Por: Notícias da UFSC