UFSC na Mídia: pesquisa com araucárias conduzida na UFSC é destaque no Jornal Hoje

14/06/2023 10:07

Uma pesquisa realizada no Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi destaque em reportagem do Jornal Hoje nesta segunda-feira, 12 de junho. A pesquisa de doutorado de Mario Tagliari, do Programa de Pós-graduação em Ecologia, aponta o manejo colaborativo como a estratégia mais eficiente para garantir a preservação e a sustentabilidade da Floresta das Araucárias, um dos principais ecossistemas presentes no sul e sudeste do Brasil. O trabalho faz parte da tese orientada pelo professor Nivaldo Peroni.

Confira a reportagem do Jornal Hoje
>> Leia mais sobre a pesquisa de Mario Tagliari em reportagem feita pela Agência de Comunicação da UFSC (Agecom)

Por: Notícias da UFSC

Veleiro ECO encontra vida em formação em meio à alta quantidade de plástico no Rio Itajaí

04/04/2023 08:59

 

Equipe coletou entre entre 200 e 250 amostras ao longo da expedição

A verificação de um ambiente cheio de vida, repleto de seres microscópicos, de filhotes de peixes e outros animais, contrasta com a alarmante concentração de microplásticos encontrada no Rio Itajaí-Açu. A observação está entre os resultados preliminares da primeira expedição de pesquisa da equipe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a bordo do Veleiro ECO no âmbito do Projeto AtlantECO. O grupo, que passou nove dias embarcado, coletou entre 200 e 250 amostras ao longo do rio, foz e zona costeira.

O Itajaí-Açu foi escolhido pelo seu papel ecológico e por ser o principal sistema fluvial da maior bacia hidrográfica de Santa Catarina, a Bacia Hidrográfica de Itajaí. Além disso, ele sofre fortes pressões antrópicas decorrentes de atividades ligadas ao desenvolvimento econômico, como o turismo, os agroquímicos das lavouras de arroz e as atividades portuárias, e, ainda, ao alto contingente populacional de seu entorno.

O estuário do rio também despertou o interesse dos pesquisadores. “Por serem locais de mistura de água doce dos rios rica em nutrientes com a água salgada do mar, os estuários são um dos ambientes mais produtivos do mundo. Essas zonas de transição entre os rios e os mares abrigam diversas formas de vida, sejam elas estritamente de água doce ou salgada, ou aquelas adaptadas aos dois modos de vida. Além disso, os estuários são espaços de investigação dos poluentes químicos e plásticos vindos do continente e escoados na zona costeira”, explica Érica Caroline Becker, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO) envolvida na expedição. 

Entre 28 de fevereiro e 8 de março, a equipe trabalhou em cinco estações de pesquisa, realizando cerca de 40 protocolos de amostragem por dia, ao longo de aproximadamente 12 horas de trabalho diárias. Em algumas estações o grupo coletou amostras tanto na maré vazante quanto na enchente.

Agora, o material passa por estudos genéticos, taxonômicos e biogeoquímicos. As análises serão feitas pelos laboratórios de Controle e Processos de Polimerização (LCP)de Oceanografia Química e Biogeoquímica Marinha, ambos da UFSC, e de Biodiversidade e Processos Microbianos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A expectativa é que os primeiros resultados estejam disponíveis até o fim do ano.

Mesmo antes da conclusão das análises, contudo, dois aspectos chamaram a atenção dos pesquisadores: se, por um lado, o estuário se revelou repleto de vida, por outro, é bastante preocupante a poluição causada por ações humanas.

“As amostras das redes de plâncton vieram cheias de animais microscópicos, conhecidos como zooplâncton. Dentre eles, verificou-se uma grande variedade de larvas de crustáceos, moluscos e peixes, mostrando a importância da zona estuarina como berçário para a fase inicial do ciclo de vida de várias espécies. No entanto, o rio continha uma quantidade alarmante de microplásticos, minúsculas partículas que podem prejudicar peixes, pássaros e outros animais que os ingerem. Já as estações costeiras tinham muito menos microplásticos, provavelmente devido às correntes e ondas que os levam para longe da costa como também ao afundamento das partículas”, comenta Andrea Green Koettker, pesquisadora do PPGECO e chefe científica da expedição.

Variáveis biológicas e biogeoquímicas também devem mostrar resultados diferentes do rio para a zona costeira, devido a características próprias de cada ecossistema, como os valores de salinidade, materiais em suspensão, entre outros.

Pesquisa deve mostrar diferenças nas variáveis biológicas e biogeoquímicas entre a água da zona costeira (à esquerda) e do rio (à direita). A coloração mais amarronzada do rio é explicada por sua profundidade. Por ser mais raso, o sedimento do fundo acaba se misturando por toda a coluna de água. Além disso, rios absorvem a descarga das chuvas, que levam grande quantidade de terra e material particulado. Já nos oceanos, onde a profundidade é maior, esse material afunda, e a água fica mais transparente

A pesquisa no Rio Itajaí foi a primeira de uma série de expedições previstas a bordo do Veleiro ECO ao longo da costa brasileira. Com essa etapa cumprida, a equipe se prepara para subir a costa brasileira com o objetivo de compreender o impacto dos rios no oceano, de Santa Catarina até o Rio Grande do Norte. O grupo tem pesquisas previstas para a foz do Rio Doce (ES) e do Rio Mucuri (BA) e para a zona estuarina dos rios Caravelas (BA), São Francisco (SE/AL) e Potengi (RN).

Década dos Oceanos e AtlantECO

A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a Década da Ciência Oceânica (2021-2030) para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma vez que os oceanos possuem um papel chave no equilíbrio do planeta. A Declaração de Belém, assinada em 2017 pela União Europeia, Brasil e África do Sul, reforçou o compromisso com essa medida, ao propor a intensa investigação do Oceano Atlântico, especialmente, o Atlântico Sul, que é um dos menos conhecidos do planeta, mas impacta e beneficia todo o ecossistema global.

A Declaração de Belém fomentou incentivos à pesquisa, à inovação e à capacitação, como a chamada Blue Growth, lançada pela União Europeia para apoiar o crescimento sustentável dos setores marinho e marítimo do Oceano Atlântico. Um dos programas contemplados é o Horizon 2020, do qual faz parte o AtlantECO, projeto realizado por 36 instituições de 11 países.

O objetivo do AtlantECO é investigar as interações entre os micro-organismos marinhos e o oceano, a poluição por plásticos e a circulação oceânica no Atlântico Sul, entre as costas brasileira e africana. “Essa compreensão permitirá o reconhecimento de cenários climáticos futuros, da previsão de migração de espécies, da capacidade do oceano em capturar e armazenar CO2 atmosférico, do transporte e do impacto de poluentes, como o plástico, sobre os ecossistemas marinhos e de estratégias para que as atividades humanas contribuam para a saúde desses ecossistemas”, afirma a professora do Departamento de Ecologia e Zoologia e coordenadora do projeto na UFSC, Andrea Santarosa Freire.

No Brasil, o projeto é coordenado pelo professor Hugo Sarmento, da UFSCar, e também conta com a participação da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

 

Camila Raposo/jornalista da Agecom/UFSC. 

Por: Notícias da UFSC

Novo episódio do podcast ‘UFSC Ciência’ fala sobre balneabilidade

10/02/2023 08:07

A Agência de Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina (Agecom/UFSC) publicou nesta quinta-feira, 9 de fevereiro, um novo episódio do podcast UFSC Ciência, com o tema Balneabilidade. Os entrevistados desta edição são os docentes José Salatiel, do Departamento de Ecologia e ZoologiaMaria Elisa Magri, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Paulo Horta, do Departamento de Botânica e Rodrigo Mohedano, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental.

A temporada de verão de 2023 trouxe um novo “velho assunto” para o debate público, especialmente no litoral catarinense e nos Estados e países de onde vêm os turistas que visitam a região. Uma crise de balneabilidade fez subir vertiginosamente o número de pontos impróprios para o banho de mar. Além disso, uma epidemia de diarreia fez com que se estabelecesse uma relação quase que imediata entre a qualidade da água do mar e a propagação de doenças gastrointestinais, abrangendo também discussões sobre problemas históricos de saneamento básico.

Nesse episódio sobre balneabilidade, falamos sobre o oceano, o turismo, a saúde e o saneamento básico de forma interdisciplinar. Ouvimos quatro professores pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina para discutir o assunto e trazer novas análises e discussões sobre o tema.

Ouça o UFSC Ciência pelo Spotify.

Por: Notícias da UFSC

Rara interação entre botos e pescadores é documentada de forma inédita pela ciência

07/02/2023 09:23

Uma dança sincronizada. Uma colaboração cheia de instantes decisivos. Uma interação que resulta em benefícios para o boto e para o pescador. Tradicional e reconhecida no Sul do Brasil e no mundo, a parceria entre botos pescadores e homens na pesca da tainha foi documentada de forma inédita pela ciência, em uma trabalho que envolveu a Universidade Federal de Santa Catarina, a Oregon State University (OSU), nos Estados Unidos, e o Max Planck Institute, na Alemanha (MPI). A sincronia perfeita necessária entre o sinal emitido pelo animal e a soltura da rede e os riscos que uma possível escassez de tainha podem trazer à prática estão entre os principais resultados do estudo.

Munidos de drones, imagens subaquáticas e tecnologia de captação de sons marinhos, a equipe, na UFSC liderada pelo professor Fábio Daura-Jorge, do Departamento de Ecologia e Zoologia, registrou detalhes em frações de segundos do comportamento dos botos e dos pescadores, além de ter se alimentado de um banco de dados de mais de 15 anos de monitoramento da cooperação – uma das poucas registradas na biologia.

“Sabíamos que os pescadores estavam observando o comportamento dos botos para determinar quando lançar suas redes, mas não sabíamos se os botos estavam coordenando ativamente seu comportamento com os pescadores”, disse Maurício Cantor, professor da OSU, colaborador da UFSC e líder do estudo.

“Usando drones e imagens subaquáticas, pudemos observar os comportamentos de pescadores e botos com detalhes sem precedentes e descobrimos que eles capturam mais peixes trabalhando em sincronia”, disse Cantor. “Isso reforça que esta é uma interação mutuamente benéfica entre os humanos e os botos.”

Essa sincronia é determinante para o sucesso do pescador e para a manutenção da pesca tradicional, explica Daura-Jorge, que coordena, na UFSC, um Programa Ecológico de Longa Duração do Sistema Estuarino de Laguna e adjacências, financiado pelo CNPq. “Temos um longo histórico de estudos da UFSC sobre essa interação, que é muito valorizada localmente”, comenta o professor. “Desde a década de 1980, importantes descrições de como funciona essa interação vêm sendo feitas, mas desta vez, com ajuda de tecnologia apropriada, pudemos testar algumas hipóteses e confirmar que se trata de uma interação com benefícios mútuos”, explica.

Fotos: Fábio Daura-Jorge

Os avanços tecnológicos foram fundamentais para os resultados assertivos desse novo estudo. Uma metodologia multiplataforma identificou um “sincronismo fino entre as duas partes”, com benefícios para ambas. A pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, uma das principais da área, rastreou simultaneamente tainhas, botos, e pescadores acima e abaixo da água para desenvolver uma compreensão em escala fina de suas interações.

O estudo também teve como objetivo quantificar as consequências dessa cooperação, além de combinar os dados em um modelo numérico para prever o destino e propor ações iniciais para conservar essa interação rara. “A tainha é o principal recurso dessa interação, por isso nós utilizamos os dados da pesca local, que sugerem uma provável redução nos estoques de tainhas, para prever o que pode acontecer no futuro caso persista esse processo de redução da sua abundância”, explica Daura-Jorge.

Eles também descobriram que a sincronia de forrageamento – a busca pelo alimento – entre botos e pescadores aumenta substancialmente a probabilidade de pescar e o número de peixes capturados. Outro dado importante identificado pelo estudo é que a interação é benéfica à sobrevivência dos animais, já que aqueles que praticam a pesca cooperativa têm um aumento de 13% nas taxas de sobrevivência. De acordo com Daura-Jorge, isso também ocorre porque, enquanto estão entretidos cooperando e interagindo com os pescadores, os botos ficam longe de outros perigos quem podem leva-los à morte, como pescarias ilegais que ocorrem na área.

A pesquisa também apontou que a compreensão dos pescadores sobre a tradição da pesca correspondia às evidências produzidas por meio de ferramentas e métodos científicos. “Questionários e observações diretas são maneiras diferentes de olhar para o mesmo fenômeno e combinam bem”, disse Cantor. “Ao integrá-los, pudemos obter a imagem mais completa e confiável de como esse sistema funciona e, mais importante, como ele beneficia tanto os pescadores quanto os botos”.

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Pesquisadores da UFSC reforçam cuidados em casos de acidentes com caravelas e medusas, as chamadas águas-vivas

08/12/2022 12:29

Pesquisadores do Laboratório de Biodiversidade Marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizam nesta época do ano a atividade de monitoramento de caravelas e medusas, popularmente denominados de águas-vivas, responsáveis por causar milhares de acidentes nas praias catarinenses. Na manhã desta quinta-feira, 8 de dezembro, uma equipe registrou a presença de 167 desses animais em apenas um quilômetro na praia do Campeche, no Sul da Ilha. Outro grupo desenvolve a mesma ação na Barra da Lagoa.

De acordo com coordenador do projeto, o professor Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB), o aparecimento das caravelas acentua-se devido ao fenômeno da lestada – ventos que transportam esses animais de alto-mar para as áreas do litoral. Segundo o docente, este tipo de ocorrência pode acontecer na capital catarinense no intervalo entre a primavera até o fim do verão.

O projeto da UFSC tem como principais objetivos identificar as espécies predominantes em praias de Florianópolis, obter dados mais precisos sobre a sazonalidade e abundância desses animais, bem como acerca dos eventuais “blooms” (surtos de crescimento rápido e sem controle no meio aquático). Atualmente, o trabalho de monitoramento é realizado pelas estudantes Camila Sotili, Samanta Gonçalves e a Caroline Iaczinski Bento, do curso de Biologia. A ação iniciou em dezembro de 2019, com a aluna Roberta Elis Francisco, que se formou bióloga pela UFSC este ano.

Cuidados e primeiros socorros

O Laboratório de Biodiversidade Marinha contribuiu para a elaboração de um informe sobre caravelas e sua ocorrência nas regiões Sul e Sudeste do país, divulgado no início deste ano. O documento descreve esses animais e traz orientações acerca de como proceder em caso de acidentes. As caravelas não causam “queimaduras”, mas sim um envenenamento, geralmente mais grave do que aquele causado pela maioria das espécies de águas-vivas. Seus tentáculos possuem pequenas cápsulas que injetam veneno através de micro arpões, chamados nematocistos, quando acidentalmente tocam a pele humana.

Como agir em casos de acidentes?
• Saia da água imediatamente, porque o envenenamento pode causar câimbras e há risco de afogamento;
• Lave com água do mar para retirar restos de tentáculos aderidos;
• Lave com vinagre por alguns minutos para desativar o veneno e prevenir novas inoculações na pele;
• Amenize a dor com água do mar gelada ou gelo artificial envolto por panos. Essas compressas frias têm efeito analgésico para vários tipos de envenenamentos com caravelas ou águas-vivas.

O que não fazer?
• Nunca urine, nem use substâncias como álcool ou refrigerante sobre a lesão, pois não há comprovação de eficácia dessas substâncias em amenizar os efeitos da lesão;
• Nunca lave com água doce, uma vez que a medida pode aumentar o envenenamento e agravar a lesão;
• Evite usar toalhas, areia ou outro material abrasivo para retirar restos de tentáculos, pois isto também pode aumentar a injeção de toxinas por explodir as cápsulas com veneno.
Acesse as Recomendações da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa).

Para mais imagens, informações e curiosidades sobre o tema, confira o perfil Vida Marinha de Santa Catarina, mantido pelo Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC.